segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Advento: o espírito da espera


"Toca esperar. Não é imposição. É uma necessidade. Viver a espera é viver à espera. Poucos mecanismos são tão dinamizadores como aquele instalado no profundo de quem se sente incompleto. Uma carência constitutiva despoja o Homem de toda a ilusão de perfeição. Entretanto, a pessoa humana continua a transbordar dignidade. Não existe incompatibilidade possível entre a insuficiência de transcendência e a intensidade da dignidade. O convívio é amável no interior de cada ser humano. Mas, sobretudo, ardentemente discreto. Tão discreto que muitos ignoram a energia irrepreensível de quem se sente dinamizado. Impelido a esperar, necessitado de ser completado.
O ritmo litúrgico não se detém. O esplendor do Rei de tudo dá lugar ao Menino nascido do nada. Este Rei foi aquele Menino. Este Menino será aquele Rei. Não é um paradoxo biográfico, mas a incapacidade de Cristo se esgotar na vida de qualquer um dos seus crentes. Não há vida humana capaz de abranger por completo o mistério daquela outra divina, nascida na terra. Nascida para dar vida. Esperada por ser semente de futuro.

Começa o Advento, celebremos a privilegiada necessidade de esperar".

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